terça-feira, 15 de dezembro de 2015

DIÁRIO DE BORDO (Dezembro / 2015):

Tá, já sei o que vão dizer: “caramba, de janeiro até agora nada aconteceu na vida dessa mulher?!?”

Muitíssimo pelo contrário. Aconteceu coisa a balde, mas também acontece que dona Flávia Savary prefere viver à vera que blogar.

Então, que me perdoem os fanáticos pelo mundo virtual, porém o mundo físico me interessa bem mais.

E por onde andou essa moça, no plano físico? Viajando, visitando escolas, batendo papo com o público da Bienal Rio, revisando livros que foram lançados em 2015 e os que serão lançados em 2016.

Destaco obra recém-publicada pela editora Paulus, chamada DIÁRIO DE UM BRAVO (ou bullying: como me safei dele, mesmo sem braveza!). O subtítulo já revela o que pais, professores e alunos encontrarão na história, que trata do tema espinhoso de forma divertida e pertinente.

É ótima pedida para adoção em 2016, a fim de dar uma brecada nessa forma de violência que tem causado vítimas tanto em quem pratica, quanto em quem sofre bullying.


E o que mais? Escrevendo, escrevendo e escrevendo, a verdadeira função de um escritor, pra quem já se esqueceu desse pequeno detalhe... And last but not least (em tradução básica da intraduzível expressão inglesa: “e, por fim, mas não por último”) ganhando o Prêmio Jabuti 2015, 2º lugar na categoria de livro Infantil.

Ser indicado para o Jabuti, entre 10 super feras, autores renomados de trabalho indiscutivelmente maravilhoso, já é um luxo. Mas ficar entre os 3 finalistas é muita honra para uma pobre marquesa: a expressão só será captada por aqueles chegados a um fundo de baú.

E por falar em fundo de baú, aos que se perguntam que título levou a tartaruguinha para casa, respondo: A ROUPA NOVA DO ARCO-DA-VELHA, ilustrado por Jaguar, e publicado pela Cidade Nova.


Ganhamos, na verdade e com justiça, eu e toda a maravilhosa equipe da editora Cidade Nova. Que, aliás, publica uma revista pra lá de idônea (tradução: sem rabo preso), a CIDADE NOVA. Nela, artigos imprescindíveis nos ajudam a entender o mundo atual que anda de ponta-cabeça. A revista conta, ainda, com uma crônica mensal dessa que vos fala.


E as fotos dos lances? Só tem texto, não tem figurinha? Pois é, aqui é tudo em capítulos. As fotos virão depois. Segure a ansiedade, se puder.

Gostaria de encerrar com uma história que compõe a crônica da revista CIDADE NOVA. Não é de minha autoria, é reconto, mas considero um primor e sumo do espírito natalino. Sobretudo em tempos de crise, há que se aprender (nem que seja na marra) que menos é mais. Deixo vocês com um era uma vez e votos de um feliz Natal!

“Era uma vez um belo e jovem casal que se amava muito. E era outra vez, infelizmente, uma guerra recém-acabada. Sabe-se em que estado fica um lugar assim: miséria e desolação por todo lado. O Natal, tempo de troca de presentes, aproximava-se e nenhum dos dois tinha dinheiro para despesas que não fossem as estritas para sobreviverem.

Como tantos, o casal perdera tudo o que possuía, com exceção de dois bens. O moço conseguira preservar a herança do avô: um reluzente relógio de bolso dourado, sem a corrente. Ela, apesar de abatida pela fome, trazia a bela cabeleira dourada presa em duas grossas tranças.

Mas eles se amavam. Igual a todo casal jovem, não concebiam que seu grande amor passasse desapercebido em data tão importante. E, em segredo, tomaram uma decisão radical.

Na noite de Natal, ambos sorriam de pura felicidade, diante da mesa posta com batatas apenas. “Tenho um presente para você, querido”, disse a moça, que usava um lenço sobre a cabeça. Seus olhos brilhavam, ao estender o embrulho na direção do rapaz. Ele repetiu a frase e o gesto.

Os presentes, porém, transformaram seus sorrisos em lágrimas. Ela, com o dinheiro apurado com a venda das lindas tranças, comprara uma corrente para o relógio do marido. Ele, por sua vez, vendera o relógio para dar, à esposa, um pente para enfeitar seus cabelos.

Em silêncio, se olharam, secaram as lágrimas e tiveram certeza de que seus bens mais preciosos continuavam na sala modesta: um belo e jovem casal que se amava muito.”


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